A cada eleição os números da abstenção são quase sempre vencedores. Ontem não foi excepção. Para mais com a situação dos cartões únicos, que piorou um cenário que já de si não sería favorável.
No entanto, se compreendo as razões de quem quis ir votar e não conseguiu por falta de informação e por se sentir uma barata tonta por andar de mesa de voto em mesa de voto ao ponto de desisitir, já não compreendo quem simplesmente opta por não ir. Normalmente, as pessoas tomam esta posição como forma de protesto, porque não acreditam, porque perderam a fé, porque a política nada lhes diz (apesar de regular a nossa vida em sociedade). Se é isso que sentem, essa manifestação de descrença devia ser tomada marcando presença nas mesas de voto, ainda que votando em branco, deixado rabiscos ou deixando uma mensagem de protesto, se para aí estivessem virados, ao invés de se usar o frio, a preguiça, isto e aquilo. Hoje tomamos o direito/dever de votar como um dado adquirido, esquecendo tempos em que muitos se bateram e lutaram por ele. Não deixa de ser estranho que gostemos de viver numa democracia mas no momento em que somos chamados a participar sejamos capazes de abdicar de um dos nossos direitos fundamentais como cidadãos.