Parece que quem não está no Facebook não existe. Ora eu não estou e neste momento em que escrevo estas linhas, confirmo que existo. Nada contra quem está, mas virem dizer-me que estou off só porque não quero ligar-me a 300 mil desconhecidos a que chamo "amigos", nem ter uma horta virtual (se soubessem o trabalho duro que é a vida no campo, logo se acabava o entusiasmo) ou dar a conhecer todo o pormenor da minha vidinha, façam-me o favor, sim?
Em tempos também entrei na onda do hi5, esse dinossauro das redes sociais, mas depressa me aborreci daquilo. Pior que a quase obrigação de ter FB para ser alguém neste mundo (os padrões são cada vez mais rasteirinhos) é o achar-se que toda a gente tem. Há por aí campanhas de publicidade com promoções mas para aceder às mesmas é através do FB. Nem toda a gente tem computador e nem todos têm internet. Então, porquê vedar o acesso às pessoas? Antigamente para tentar a sorte num concurso de tv era mandar o belo do postalinho ou cupão publicado numa revista (pronto, nesses tempos obrigavam à compra da revista) e esperar que fossem sorteados. Agora é por email. E eu pergunto: quem não tem computador/internet não tem o mesmo direito de participar num passatempo? Que raio de forma absurda de exclusão é esta? Ou será mania da grandeza? Já não bastam todas as outras formas de preconceito e segregação existentes na nossa sociedade?
Afinal, tanto Descartes como António Damásio estavam errados. Pelos padrões actuais a máxima é «estou no facebook, logo, existo»
Como diz uma amiga minha: «se isto não fosse trágico/dramático/idiota até sería cómico»